
Não me atirem pedras. Mas quando voltar a Foz não penso em visitar novamente as cataratas. Já fui dos dois lados, fiquei bastante tempo lá, fiz o sobrevoo de helicóptero e dentro do que me dispus a conhecer, conheci. Quero ir novamente a Itaipu para fazer alguns passeios dentro da usina que não consegui realizar da última vez, como o Ecomuseu, o Refúgio Biológico Bella Vista e o Canal da Piracema, com 10 quilômetros de extensão. Sei, as quedas d’água são uma dádiva e o macuco safári parece imperdível (quiçá na próxima encarnação). Só que eu tenho um defeito genético: as grandes obras humanas – seja pelo tamanho, criatividade ou valor histórico – me sobressaltam e causam fascínio.
As Cataratas do Iguaçu são inexplicáveis. Mas como é obra divina eu posso entender que aquilo não tem explicação. Deus é perfeito e adora fazer essas brincadeirinhas geográficas – lembrando o que Ele já aprontou na Patagônia, no Gran Canyon ou em Fernando de Noronha, para não ir muito longe. Agora, chegar perto de uma construção tão milimetricamente pensada e executada por seres considerados incompletos, carentes, insatisfeitos e que – dizem – utilizam apenas um por cento do próprio cérebro… é ou não é de assustar? Imagine, então, quando usarem todo o potencial previsto pelos cientistas!
Para entender o que foi e o que é a hidrelétrica existem três passeios oficiais: o panorâmico, o circuito especial e a iluminação monumental (além do institucional para centros de pesquisa e universidades). Com o passeio panorâmico, que dura um hora e meia, você faz o trajeto em ônibus com guia bilingue e conhece a usina por fora. Antes da saída é exibido um documentário, em seguida o visitante é levado a lugares privilegiados que oferecem uma linda vista e boas fotos. No caminho de volta, o ônibus percorre o alto da represa, revelando um ângulo diferente do vertedouro: de um lado o Rio Paraná, do outro o imenso lago de Itaipu (o reservatório que abastece a usina) e ao fundo, a cidade de Foz do Iguaçu.
Já o circuito especial – o que nós fizemos – permite a entrada ao interior da barragem. O ônibus também tem monitor bilingue e água a bordo. São sete paradas. Na primeira, temos uma visão panorâmica da barragem e do vertedouro, além de poder apreciar o painel em azulejos que retrata cenas da construção da Itaipu – feito pelo artista paranaense Poty Lazzarotto. Já dentro da construção todo mundo fica bem próximo aos condutos – enooormes tubos brancos – por onde escoam até 700 mil litros de água (metade da vazão das cataratas em cada um deles!)
Na quarta parada estão os equipamentos que mantém a usina em operação. Não é permitida aqui a permanência por mais de três minutos por causa do forte ruído. É tão rápido que parece surreal. Sentir a pulsação ininterrupta da Itaipu debaixo dos pés nos dá a sensação de que estamos em alguma película de ficção científica. Ao nos aproximar da sala do comando central – onde técnicos controlam tudo por meio de computadores e painéis eletrônicos – parece que estamos na Nasa. Eu nunca entrei na Nasa, mas já vi bastante filme e lembra aquilo, diretitinho. Pode fotografar tudo.
No final do passeio chegamos às galerias com um quilômetro de extensão. Aqui é possível visualizar as gigantes tampas das 20 unidades geradoras. Cada uma é suficiente para abastecer uma cidade com 2,5 milhões de habitantes. E daí passa novamente na sua cabeça toda a historinha do documentário exibido lá no início. A Itaipu – que em tupi significa pedra que canta – começou a ser erguida em 1973. No auge da obra, cinco anos depois, foram lançados mais de sete mil metros cúbicos de concreto, o equivalente a um prédio de 10 andares por hora.
Houve gente que não gostou. O município de Guaíra chorou o desaparecimento das Setes Quedas, alagadas com o reservatório. E até hoje a cidade recebe royalties da Itaipu pelo sumiço de um dos maiores atrativos na região. Mas deixemos as picuinhas de lado – até porque isso já foi superado! E não pense que quando você vier para cá vai presenciar os vertedouros abertos. Isso acontece uma ou duas vezes por ano, somente para escoar toda água não utilizada na geração de energia. E prepare-se, porque se você tiver a sorte de presenciar isso, verá uma vazão 40 vezes superior à das Cataratas do Iguaçu.
Fotos: Raul Mattar
SERVIÇO:
Circuito Panorâmico
Horário:Diariamente, com saídas às 8h30, 9h30, 10h30, 11h30, 12h30, 13h30, 14h30, 15h30 e 16h30.
Ingresso: R$ 13,00. Estudantes, crianças entre 7 e 16 anos e idosos têm descontos. Do lado paraguaio o passeio é gratuito.
Circuito Especial
Horário: Diariamente, com saídas às 8h30, 9h, 10h30, 11h, 14h, 14h30, 16h e 16h30.
Ingresso: R$ 30,00. Estudantes e idosos têm descontos.
Importante! Para qualquer um dos passeios faça sua reserva com antecedência. Ligue 0800 645-4645 ou escreva para reservas@complexoitaipu.tur.br
AMANHÃ:
Iluminação Monumental da Itaipu e Imigrando para o Paraguai.