Publicado 05/11/2008
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Atualizado 16/03/2016
Sempre que vou à Europa eu quero passar por Barcelona. E toda vez que vou a Barcelona quero voltar ao Parc Güell.
Não canso de tentar decifrar a mente extraordinária e criativa de Antoni Gaudí, o arquiteto responsável pela delicadeza do lugar. Nada por aqui é convencional. Curvas se misturam com caquinhos de azulejos que formam os mais belos mosaicos da arte contemporânea.
Tombada pela UNESCO como patrimônio cultural, a obra foi encomendada à Gaudí pelo magnata catalão Eusebi Güell, que queria fazer do projeto um grande bairro residencial, algo como uma cidade-jardim. Nem tudo saiu como o planejado e do traçado original sobrou somente o Park Güell, que seria a entrada do tal bairro.
Pela praça serpenteia um banco todo sinuoso também ladrilhado de infinitas nuances. Como o parque está localizado em uma colina, dali se tem uma vista estupenda de boa parte de Barcelona. Nas escadarias de acesso está o célebre lagartão, todo coloridinho – no estilo inconfundível de Antoni Gaudí – jorrando água pela boca. Depois, qualquer meia volta pelo local leva você ao mundo lúdico do arquiteto.
A parte de cima do Parque Güell é sustentada por 86 colunas, com rosetas encravadas no teto.É tudo muito inusitado, atraente e sedutor. Não tenho criatividade suficiente para descrever em um par de linhas o que representa uma mão-de-obra como a de Gaudí. O trabalho dele é dinâmico, transcende o óbvio, não busca chocar nem se indispor com ninguém.
É um tipo de arquitetura que tem textura, dá vontade de passar as mãos nas paredes, tocar os tetos, encostar os dedos nos pedacinhos de vidros e cristais que dão os matizes precisos deixados pelo espanhol. Como se estivéssemos em uma lojinha cheia de penduricalhos, onde ninguém resiste e pega tudo na mão. A grande herança de Antoni Gaudí foi a harmonia. Uma capacidade de integrar obra e natureza, sempre voltada ao que o ser humano chama de belo e irresistível.
Fotos: Raul Mattar | Todos os direitos reservados.