Atualizado 15/10/2011



Com minha mega-top-de-linha máquina comprada na zona franca de Manaus (uma canonzinha de meia-tigela) saí fotografando tudo pela cidade. Mas eu não tinha tripé e as fotos internas do teatro só prestaram para eu poder olhar sempre meu álbum e querer voltar. (De preferência com o Raul e a máquina dele.) Antes de falar do teatro que mais me impressionou nos últimos anos é bom saber: Manaus completou em outubro 339 anos. São mais de três séculos de contrastes. No princípio foram os embates entre índios e colonizadores europeus. Hoje, a floresta amazônica resiste ao lado de um grande polo industrial. A cidade é uma das maiores exportadoras de produtos eletrônicos do mundo.



Nesse meio tempo calhou de surgir o momento fru-fru de Manaus. O Ciclo da Borracha foi um período em que a capital entrou para o rol das cidades mais prósperas da Terra. O látex retirado das seringueiras era uma mercadoria muito visada na Europa e Estados Unidos. Para consagrar essa época foram construídos vários prédios e casarões em estilo belle époque. O Teatro Amazonas, do século 19, foi o maior deles com capacidade para 700 pessoas e três andares de camarotes. O salão nobre tem características barrocas. Destaque para a pintura de teto chamada A Glorificação das Bellas Artes na Amazônia, de 1889, feita pelo artista italiano Domenico de Angelis.





É a construção histórica mais importante da cidade. Tem telas pintadas em Paris, lustres trazidos de Veneza e a pintura do pano de boca do palco – idéia do cenógrafo Crispim do Amaral – faz referência ao Encontro das Águas dos Rios Negro e Solimões. Tinha tudo para ser cafona, démodé, fora de propósito. Se fosse uma pessoa, o Teatro Amazonas poderia até ser chamado de convencido e vaidoso. Mas é modesto e acanhado: sobreviveu ao fim dos tempos áureos e se manteve entre os mais bonitos e bacanas do Brasil.



SERVIÇO

Teatro Amazonas
Local: Praça São Sebastião, s/nº | Centro | Manaus
Tel.: (92) 3232.1768
Funcionamento: segunda à sábado, 9h às 17h.
Entrada: R$ 10 (a visita é guiada).

Fotos: Sílvia Oliveira | Matraca´s Image Bank