Publicado 11/02/2015
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Atualizado 08/02/2017
Mercados populares com pedigree costumam ser uma mistura emblemática de antropologia, gastronomia e linhagem familiar. O Ver-o-Peso não foge à tradição. Além de ponto turístico de Belém, a feira é uma alegórica representação cultural da cidade.
Fica às margens da baía do Guajará. Falamos de uma gigante feira ao ar livre — considerada a maior da América Latina. O local reúne toda a sorte de paladares paraenses. São centenas de barracas. Você vai encontrar todos os ingredientes necessários para preparar seu tacacá, açaí ou pato no tucupi.
O mercado Ver-o-Peso abastece a cidade e região. Além de frutas típicas (ou exóticas para uma jacu como eu) há uma infinidade de peixes amazônicos, temperos, ervas medicinais e as famosas garrafadas. Sabe aqueles vidrinhos com poções mágicas que prometem desde acabar com mau olhado, espinhela caída a até trazer o amado em três dias? Zifio, dá para encher a mala.
O nome do local tem uma origem curiosa. Quando foi inaugurado, no início do século 17, o mercado era uma espécie de entreposto fiscal. Ali faziam a verificação do peso exato das mercadorias para obter o valor dos impostos repassados à coroa portuguesa. Daí ficou… Ver-o-Peso.
É o tipo de lugar onde o detalhe converte o todo. Cada barraca, um flash! O amarelo do tucupi. O rosadinho do camarão. O verde forte do jambu. O marrom rústico da castanha. O colorido das garrafinhas.
A movimentação no mercado Ver-o-Peso começa na madrugada — especificamente às 3h30 — junto com a Feira do Açaí, (outro passeio respeitável de Belém e ú.n.i.c.o. no Brasil. Veja nosso relato aqui). Com as toneladas da frutinha chegam os pescadores descarregando quilos e quilos de tucunaré, pirarucu, filhote, entre outros tipos de peixes.
O pirarucu, por exemplo, é um dos maiores peixes de água doce. No mercado Ver-o-Peso é fácil ver o Pirarucu vendido em mantas secas e salgadas. De tão saboroso também ficou conhecido como o Bacalhau da Amazônia.
A construção do Ver-o-Peso que marca o imaginário do turista é o Mercado de Ferro. Com estrutura metálica e torres azuis, o prédio foi todo forjado em Londres e Nova York, depois transportado e montado no local. Século 19, Ciclo da Borracha. Explica? Aqueles delírios psico-espirituais dos tempos áureos do tem-dinheiro-sobrando-então-vamu-gastá! No interior são mais de 60 boxes que comercializam peixes, camarões e caranguejos.
Juntamente com o Mercado do Ferro, outras construções históricas como o Mercado da Carne, a Praça do Relógio (ali pertinho) e a própria Feira do Açaí formam um conjunto de inestimável valor, tanto que toda a área foi tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional) em 1997.
Mas o Ver-o-Peso não é só pavê, não. É pacumê, também! Várias barracas oferecem açaí, peixinho frito na hora, tapioca, maniçoba e pratos à base de tucupi. É o passeio redondo: você desvenda uma cultura, prova o melhor da comida regional e ainda leva para casa a experiência pessoal que nenhum livro de história poderá contar.
SERVIÇO
Mercado Ver-o-Peso
Local: Boulevard Castilho França, s/n. Cidade Velha
Horário: o mercado de peixe funciona das 6h às 14h e a feira livre no lado de fora, o dia todo.
Dica: o Ver-o-Peso está perto da Estação das Docas e combina perfeitamente com um passeio ao Forte do Presépio, de onde você tem uma vista panorâmica do mercado com a baía do Guajará ao fundo.
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