Publicado 28/01/2013
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Atualizado 30/11/2016
Tragédias coletivas me paralisam. Escutar o desespero das mães de filhos viciados me faz chorar. Ler sobre violência doméstica me desmonta. Crianças abusadas? Passo três dias com insônia.
A reflexão aqui não é sobre a tragédia em si, esse gênero do teatro que envolve a moralidade, questiona a existência humana e que, quase sempre, termina com a morte ou do personagem principal ou de algum parente querido.
Especulo neste parágrafo sobre a capacidade que temos de, perante fatos tão estarrecedores — ser resilientes ou tão elásticos quanto o conceito de mala de mão para superar o insuperável. Ponto.
Pode não parecer — e eu não gosto mesmo de parecer — fico sem rumo diante da fragilidade humana. Mesmo assim eu não desisto. Tenho vocação para ser feliz.
Gosto de comemorar minhas pequenas conquistas, de compartilhar só notícias boas, de escrever — veja só, sobre essa bobagem que é viajar!
É disso de que trata esse texto. Do talento que a gente deve ter de seguir adiante com os nossos propósitos (profissionais, espirituais, acadêmicos ou materiais), apesar de tudo e, sobretudo, sendo bombardeado diariamente com as dores do mundo — seja no Rio Grande do Sul ou na Síria!
Entendo. É natural que o inconsciente coletivo nos coloque em depressão grupal.
Passado o impacto inicial ajudo quase sempre — dentro do que cabe e da maneira que posso. Sou daquelas que depositam dinheiro em conta para reconstruir país devastado por terremoto (mesmo sem saber ou quase acreditando que aquilo nunca chegará ao lugar devido), mando escova de dente para desabrigado em enchente, pago férias e 13º salário pra moça que vem uma vez por semana limpar minha casa.
E isso não me faz sentir melhor. Isso é o mínimo — mínimo, repito — que posso esperar de mim mesma.
Quem experimenta a perda, a violência ou o terror de perto não só pode como deve vivenciar o luto, a angústia, o desgosto. Nós, aqui do outro lado da TV, podemos chorar. É legítimo. Escolha a forma mais conveniente para você de apoiar a causa ou extravasar sua consternação e empatia.
Só não encontre na dor do outro a desculpa de que você precisava para não seguir em frente. Não justifique seu desânimo desmoralizando quem não é igual a você.
Deixe de reclamar, simplesmente! Por que não rezar? Orar, se você preferir. Por certo, não estou falando de religião. Mas de espiritualidade, aquela disposição de querer, com certeza e confiança, que a vida do outro melhore, apesar da sua!
(É o que vamos continuar fazendo aqui… apesar de tudo, e sobretudo.)
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