Publicado 10/11/2010
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Atualizado 29/07/2020
Conto nos dedos de meia mão quantas vezes pude passar alguns dias num hotel de categoria superior. Minha especialidade é a hospedagem simples, a pousada rústica, o hotelzinho despojado, o albergue fuleiro ou a estância jaguara. Sempre trago boas lembranças. Deprimente e traumático é quando caio num lugar pobre de espírito.
A hospedagem pobre de espírito tem alma tacanha. Para ela, atendimento, missão e valores são coisas de estudante de marketing desocupado. Enquanto as pousadas simples oferecem um carinhoso chá de capim limão no meio da tarde, a pobre de espírito disponibiliza papel higiênico lixinha nos banheiros. Quase sempre desinfetados com o alarmante Pinho Sol, é certo.
Em nome do baixo custo, quem trabalha ou gerencia a hospedagem pobre de espírito confunde contenção de despesas com desmazelo e falta de dignidade. Em vez de investir em lençóis brancos de algodão – embora sejam um pouco mais caros podem durar uma vida – jogam os hóspedes em panos piniquentos de florzinha , cheios de bolinhas com a desculpa esfarrapada de que são mais baratos. Sim, até são. Só que a falta de visão não deixa o empresário desinteressado perceber que isso vai custar, mais tarde, a própria biografia da empresa.
Delicadezas não custam quase nada, quando não, saem de graça. E isso varia do sorriso disposto a um par de balinhas de hortelã oferecido no check-out. Mas a hospedagem pobre de espírito é melancólica por natureza. Fico desacorçoada quando encontro um “café da manhã incluído na diária” como se fosse um favor do estabelecimento.