Publicado 04/04/2012
Costumo demorar muito para escrever sobre as exposições de arte que visito. Principalmente quando eu gosto muito delas. Fico sem saber como começar, como me expressar, não sei exatamente o que dizer. São experiências que transcendem a palavra ou a escrita. Quase sempre me afasto dos dados técnicos e corro para o que me interessa de fato: qual a importância disso para a nossa memória? Peguei o metrô e, sozinha, fui descobrir.
A mostra Guerra e Paz traz ao Brasil – e ao brasileiro – os dois últimos e maiores murais feitos pelo artista Cândido Portinari. A obra foi encomendada pelo governo brasileiro para ser presenteada à ONU (Organização das Nações Unidas) de Nova York, em 1957. Os painéis gigantes (14 metros de altura por 10 metros de largura) ficavam no hall de entrada da Assembleia Geral e, por questões de segurança, tinham acesso restrito.
Como a ONU ia passar por uma reforma que duraria anos, nasceu o projeto Guerra e Paz, uma iniciativa do Projeto Portinari para levar este trabalho ao grande público. Foram alguns meses de articulações. Com o apoio e patrocínio de várias empresas, incluindo a intermediação do Itamaraty junto à ONU – o que parecia impossível virou… um conto de fadas. Sim, porque ver de perto esse que é considerado o mais perfeito e magistral trabalho de Portinari é algo que foge ao entendimento comum, não pode ser realidade.