Publicado 14/09/2010 –
Atualizado 08/01/2012
Minas é o estado brasileiro de ser. Diga, onde mais poderia ter nascido o pão de queijo, o Milton Nascimento, a pedra sabão e os doisdêdiprósa? Certo, talvez seja o único lugar do mundo onde o logo ali signifique uma distância de 130 quilômetros! Mas isso deve ser uma característica genética da região: falta de ligeireza sem afobação. Não confunda com a adorável fleuma baiana. Os nativos que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá.
Quévê? O sotaque mineiro é o único dialeto do Brasil reconhecido pelo MatracaHouaiss. Somente na nação do cadim – cuja capital é Belzonte – é possível escutar um fofo Gós muuit d’ocê! É o jeito afável do mineiro, por exemplo, que faz das refeições uma cerimônia cercada de protocolos: prato principal e seus 246 acompanhamentos. Uma cachacim pra rematá!
Peça uma porção e receba um banquete. Minas Gerais nunca poderia ter inventado o simples sanduíche de mortadela. No máximo, um pão de queijo com linguiça. Iguaria, aliás, que nunca entrou na categoria sanduba e foi direto para o rol de Patrimônio Imaterial da Humanidade no concurso particular do Matraca News. Cadiquê? É aquele tipo de comidinha que você degusta só aqui e de joelhos.
Você sabe que está em Minas quando desconhecidos soltam um bááá tarrrde pra lá de íntimo ou quando (não) demora três minutos para atravessar uma cidade inteira. Para traçar uma conversação troque as vogais (minino, tumati, tiatro) e inclua dois trem bão e um poquim de ééé messsss… Você tá em casa! Qual outro estado brasileiro (de ser, repito!) reúne no próprio território o maior conjunto arquitetônico barroco do país de um lado e o mais alto grau da arte contemporânea do outro? Defeitos? Minas não tem mar, diria você. Óiaqui, prestenção… azar do mar que não tem Minas Gerais. Uai.
Fotos: Raul Mattar