Publicado 15/09/2010 –
Atualizado 24/04/2012
Da capela de São José você tem a melhor vista do casario histórico.
A primeira cidade brasileira a ser considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO tem um culpado: Aleijadinho. Foi ele! Você muito provavelmente não conseguirá memorizar a denominação de todas as igrejas de Ouro Preto – nem as mais importantes, nem à qual nossinhora elas foram dedicadas – mas voltará expert em Antônio Francisco Lisboa, nome de batismo do maior expoente do barroco americano. Um brasileiro.
Portada da igreja São Francisco de Assis: obra-prima de Aleijadinho.
Não há igreja, museu, ruela ou beco que não chame para si uma intervenção do célebre escultor e arquiteto do Brasil colonial – mesmo que a maioria não tenha nenhuma prova documental. Grande parte das suas mais de 400 criações foi associada ao nome dele por semelhança estilística. Mas insistir nessa picuinha de foi-ou-não-foi-ele é uma cisma tão besta quanto achar que Ouro Preto perderia alguma importância se algum dia descobríssemos que o artista foi resultado de alguma invenção popular.
Ao lado de Mestre Athayde, Aleijadinho formava uma espécie de Roberto & Erasmo do barroco nacional. Enquanto um esculpia o outro pintava, formando no universo criativo da arte aquelas dobradinhas inacreditavelmente perfeitas! Não bastasse a importância artística, Ouro Preto abrigou a Inconfidência Mineira, um movimento histórico a favor da nossa independência de Portugal. O final do perrengue você deve se lembrar: enforcaram Tiradentes em 21 de abril de 1792 (data que virou feriado nacional!) e anos mais tarde o Brasil ficou livre (ou quase) daquele bando de chupinhas!
Mas é o conjunto de construções barrocas – considerado o mais rico e deslumbrante das Américas – que coloca Ouro Preto onde ela está hoje. Ainda que o tráfego de veículos pesados interfira na paisagem do centro histórico, percorrer as ladeiras íngremes (daquelas que quando você sobe vai beijando o chão e quando desce, o medo é de virar cambalhota) e fuçar no comercinho fofo e artesanal transportam o visitante para uma época determinante da minha e da sua história. Ouro Preto já foi chamada de Vila Rica. A vila cresceu e o ouro acabou. Ainda bem que, mesmo assim, rica continuou! 🙂
Fotos: Raul Mattar